terça-feira, 5 de outubro de 2010

Outubro - Mês das Bruxas


Bruxos Modernos

O mês de outubro está começando e traz uma aura especial. Ele é considerado a época mais mística do ano por abrigar o Dia das Bruxas, celebrado no dia 31. Para muitos, elas estão associadas apenas às lendas longínquas e histórias infantis.

Porém, uma religião ligada diretamente à bruxaria vem crescendo desde a década de 90, em países como Estados Unidos, Inglaterra, Argentina, Austrália e Brasil, somando aproximadamente 12 milhões de praticantes espalhados pelo planeta. São os neopagãos, ou seja, politeístas que seguem a crença criada pelo funcionário público e escritor britânico Gerald Gardner na década de 1940, e só revelada em 1954.

Ele foi o responsável pelo resgate da antiga Religião da Natureza, a qual rebatizou com o termo Wicca, palavra que possui duas origens: a primeira está ligada ao termo saxônico "witch", que significa "dobrar" ou "girar"; já a segunda é relativa à raiz germânica de "wit", que quer dizer "saber" ou "sabedoria".

Os seguidores desta filosofia são facilmente encontrados em festivais de música eletrônica, como as raves, e eventos de rock, e muitas vezes são associados à cultura gótica. Pessoas de diversas idades, principalmente jovens, se tornaram adeptos desses preceitos, e muitos utilizam o símbolo do pentagrama (uma estrela de cinco pontas dentro de um círculo) em colares, roupas e até tatuagens para expressarem sua fé.

Ao contrário do que muitos pensam, os magos de hoje não fazem poções nem voam em vassouras. Eles celebram a natureza por meio de rituais tradicionais e não negam o lado negro dos seres humanos, mas dizem não seguir os preceitos dos satanistas.

São pessoas que buscam uma vida melhor por meio da invocação dos deuses e suas respectivas forças, utilizando apenas uma lei básica: "tudo que fizeres lhe voltará em triplo" (Lei Tríplice). Ou seja, são contra as práticas malignas e prejudiciais, promovendo o que chamam de "magia branca". Saiba mais a fundo o que esses praticantes têm a dizer e como eles se relacionam com as forças superiores.

A História

Alex Sanders, Janet Farrar, Raymond Buckland, Starhawk Stuart Farrar e Zsuzsanna Budapest são considerados os precursores mais recentes da seita das bruxas, que tem suas raízes no período pré-histórico e medieval, quando aconteciam os lendários cultos xamânicos. Porém, foi com Gerald Gardner que surgiu a tradição gardeniana, a mais utilizada e aceita atualmente pelos praticantes do Wicca, que se denominam como wiccans, wiccanianos e até wicãos.

Orientado pela experiente sacerdotisa Doreen Valiente, ele começou a escrever sobre o assunto na década de 50, depois de 20 anos desde sua iniciação como bruxo, que aconteceu em 1930, em New Forrest, na Inglaterra.

O escritor retirou seus conhecimentos de um coven (grupo de rituais) tradicional de seu país e passou a defender que as práticas fossem realizadas coletivamente, se opondo à tendência da magia solitária e da auto-iniciação. Outra idéia difundida por ele foi a nudez como forma de libertação e conexão com a natureza, desassociando-a do contexto sexual.

Apesar de muitos leigos pensarem que estas celebrações estão ligadas às realizações sobrenaturais, elas acontecem como um culto similar aos de outras religiões. Pessoas de todas as idades se reúnem para entrar em contato com duas divindades: a Deusa e seu coadjuvante, o Deus Cornífero, que tem um papel secundário, quando não inexistente. Por isso, os valores femininos são os principais guias dos adeptos.

A divindade é a Grande Mãe, responsável pela fertilidade dos animais, do homem e da Terra. Ao mesmo tempo, a Deusa tem as suas faces sombrias na forma da Mãe Terrível, que rege a morte. A vida e o renascimento também são seus aspectos próprios, sendo que o Deus de Chifres é seu filho.

"Atualmente, bruxos são mulheres e homens que cultuam uma divindade feminina e uma masculina, a Deusa e o Deus Cornífero. Eles representam as polaridades do poder criativo do Universo. Não valorizam um poder acima do outro, mas os vêem como complementares. Honram a sexualidade como fonte de prazer e símbolo da vida, além de ser uma das fontes de poder usadas na prática da magia e dos ritos religiosos." define o bruxo brasileiro Mario Martinez, que lançou em 2005 o livro "Wicca Gardeniana".


Crenças e Práticas

Assim como na igreja católica, por exemplo, o Wicca segue uma hierarquia e tem membros que ocupam cargos superiores em relação aos outros do grupo, utilizando vocabulário, regras e objetos próprios. Eles celebram as estações do ano, a mudança das luas, os dias condizentes aos outros sete planetas do sistema solar, além dos esbats (rituais lunares) e os sabbats (ligados ao ano do sol).

Em comum, todos possuem instrumentos conhecidos por qualquer um que já leu contos fantasiosos: vassoura, caldeirão, cálice, punhal, bastão, vestidos, capas e também uma espécie de bíblia pessoal, chamada Livro das Sombras. Essa obra funciona como diário usado pelos wiccans para registrar seus rituais, feitiços e seus resultados, bem como outras informações mágicas. Tanto praticantes individuais quanto covens mantêm esse tipo de anotação.

Seu conteúdo mais importante são os primeiros ensinamentos passados ao praticante, que copia à mão tudo o que é dito por seu iniciador - responsável por introduzir por o novato no mundo da bruxaria por meio de um "batismo".

Duncan Frewin mora em Franco da Rocha e criou o portal Três Luas, que traz colunas, notícias e serviços aos adeptos do Wicca. Sobre os rituais dos quais já participou, ele afirma: "Apesar do fato de existirem atualmente um número cada vez maior de bruxos solitários, a Wicca é uma religião de grupos, clãs, unidades com vínculos muitas vezes mais fortes que os familiares, em que os membros se encontram para festejar, celebrar, ou fazer o que quiserem juntos. Cada grupo é livre para estabelecer um calendário de reuniões. Alguns celebram secretamente, somente entre seus membros, outros realizam rituais públicos, preocupados em desmistificar a imagem negativa que a opinião pública tem sobre nós, os bruxos."

Para aqueles que têm curiosidade em saber o que acontece nas reuniões, ele revela: "Isso é um assunto bem mais complexo e difícil de definir. Entre nós não existe uma liturgia e credo únicos, como acontece na maioria das religiões patriarcais. Basta uma rápida pesquisa na internet, por exemplo, para descobrir uma infinidade de tradições, grupos ou outros tipos de assembléias, com semelhanças e diferenças entre si. Na Wicca, a diversidade é um fator importantíssimo e reverenciado como uma das manifestações da Deusa, que tem infinitas faces e nomes. Cada grupo é, portanto, livre para decidir o que fazer, desde que sigam o Dogma da Arte: "Faça o que quiser, desde que não faça mal a nada, nem a ninguém".

Cantos, danças e outras atividades artísticas são as práticas deste paganismo, que busca honrar os deuses antigos. Não há um caminho correto e um errado: são apenas diferentes formas, criadas por diferentes pessoas, para celebrar.

Por fim, também acontecem círculos, que agrupam pessoas ainda sem vínculos mágicos, com a finalidade de aprender sobre a Antiga Religião. Essas reuniões normalmente se limitam a estudos e discussões sobre um tema relacionado à Wicca, podendo ou não ser adicionado algum trabalho mágico.


Fonte: Site MSN