quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Cernunnos - O Chifrudo


"Eu sou a força indomada da natureza, o poder fertilizador, a vida! Mas, para encontrar isto é preciso tocar a morte com seu sacrifício."


Cernunnos é um misto de divindades celtas de chifres que forma uma figura de culto. É como uma egrégora de todos os Deuses de chifres que podem ser centradas na figura de Cernunnos, ao qual mantém todos os atributos dessas deidades. A iconografia celta retrata Cernunnos como um ser rodeado de animais e por essa razão é conhecido como "Senhor dos animais" ou "Senhor das coisas selvagens".

Registros Históricos

Não existem mitos conhecidos acerca da deidade Cernunnos, pois arqueologicamente entende-se que se trata de um misto de vários Deuses. Sendo assim, Cernunnos é a divindade celta protetora dos animais, responsável pelo crescimento das plantas e das colheitas, força fertilizadora máxima da natureza e Aquele que mantém os Mistérios Masculinos: a Androtheosis, ou seja, atributos de divindades masculinas de chifres. Vale ressaltar também que, apesar de ser considerada uma divindade celta, não existem evidências de sua existência na religião céltica.

O único registro histórico que temos de sua figura é de um monumento galo-romano conhecido como Pilar dos Barqueiros do século I. a.E.C., que representa um deus caçador com cornos de veado jovem e torques em torno destes. Neste monumento somente aparece a inscrição “ernunnos” em virtude da deterioração do tempo. Uma outra evidência dita que se trata do mesmo Deus, mas não se passa de comparação: uma placa de metal encontrada em Luxemburgo que contém a inscrição “Deo Ceruninco”. Há ainda a figura de um Deus Chifrudo no caldeirão de Gundestrup que foi correlacionado a mesma deidade, mas novamente se trata apenas de comparação. De toda forma, existem diversas figuras de homens chifrudos com torques e sem nomeação que são referidos como pertencentes a Cernunnos, mas, no mais, não existe muita coisa conhecida a respeito de Cernunnos, nem fontes literárias, nem detalhes maiores de seu nome, culto ou possível significância na religião celta. Alguns estudiosos acreditam que ele seria o deus da natureza e da fertilidade, enquanto outros supõe que seja apenas o nome do cargo de maior respeito e prestígio dentre os sacerdotes celtas.
 Sugere-se que seu culto surgiu no Paleolítico quando os seres humanos dependiam da caça para sua sobrevivência, portanto, sendo cultuado por xamãs desde os primórdios da humanidade. Ao abaterem sua caça, estes povos colocavam a pele dos animais sobre seus dorsos e os chifres sobre suas cabeças como uma alusão de que a força e a vitalidade do Deus agora estavam com eles e com sua tribo. Também é importante citar que nesta época os cervos se reproduziam com extrema abundância, o que facilitou sua comparação como tendo o poder de um deus.
 

Apesar do nome Cernunnos constar apenas uma única vez em todos os registros históricos já encontrados pelo ser humano, Ele é comumente referido nas literaturas célticas modernas quando é citado o Deus de Chifres. Sempre retratado com veados e serpentes com cornos de carneiro, mas também visto ao lado de touros, cachorros e ratos. Também é considerado divindade protetora dos marinheiros em virtude de sua única representação conhecida ter sido encontrada em uma embarcação.


Influência do Cristianismo

Com o advento do Cristianismo no Ocidente, o Deus de Chifres foi equiparado ao Diabo, um ser contrário ao deus criador cheio de bondade, por conseguinte, um ser que representa toda a malignidade, putrefação e negatividade existente. Essa deturpação ocorreu pelos cristãos serem extremamente proselitistas e, para angariar mais fieis, esta tática é a que melhor auxilia a conquistar seus objetivos. Ainda assim, a história e as evidências existem para levar ao chão tudo que a Igreja ensina e prega contra este Deus.
 No paganismo moderno (neopaganismo), Cernunnos é adorado como o consorte da Grande Deusa-Mãe Lua, ou seja, a energia divina feminina e a energia divina masculina. Na Wicca Alexandrina é conhecido como Karnayna. Na Wicca, de forma geral, Ele representa o Deus que nasce, cresce, definha, morre e renasce doando sua energia para a Natureza (a Deusa) para que a vida seja mantida no Universo e é venerado nas celebrações de Sabbat que representa o caminho que o Sol percorre durante o ano com seus picos e declínios conforme vistos através dos movimentos de rotação e translação da Terra. Ele é visto como a criança da promessa, o jovem apaixonado, o homem viril e o velho ancião; o Deus-Sol, o caçador, o doador; entre tantos outros títulos. Contudo, é apenas uma das manifestações de Cernunnos. Um exemplo é o termo que dá origem ao Seu nome que era realmente usado para descrever o Deus cornudo em muitas culturas, porém quando olhamos a descrição ou mesmo afrescos e pinturas feitas em cada povo as diferenças se tornam mais nítidas.


Etimologia

O real significado de seu nome é muito especulativo, mas entende-se como sendo “o Chifrudo” ou “com chifres” ou ainda “o único com chifres”; isso se dá por uma comparação a um epíteto divino (καρνονου - transliteração de karnonou ou Carnonos) em uma inscrição céltica escrita em caracteres gregos em Montagnac - Hérault, ou ainda a um adjetivo galo-latino (carnuātus) que significa "Com chifres".
 A forma proto-céltica do teônimo é reconstruída como ou *Cerno-on-os ou *Carno-on-os. Karnon do gaulês "corno" é cognato com cornu do latim e com *hurnaz do germãnico, com horn do inglês, basicamente do proto-indo-europeu. O étimo karn- "corno" aparece tanto no gaulês como nos ramos gálatas do celta continental. Hesíquio de Alexandria lustra a palavra gálata karnon (κάρνον) como "trompete gálico", isto é, o corno militar celta listado como o carnyx (κάρνυξ) de Eustátio de Tessalônica, que nota sino com forma animal do instrumento. A raiz também aparece nos nomes de regimes celtas, sendo o mais proeminente entre eles, os Carnutes, significando algo como "os Únicos Com Chifres," e em vários exemplos de nome civil encontrados nas inscrições.

Ensinamentos

Cernunnos representa a mortalidade ao qual toda a natureza esta fadada assim como a imortalidade, pois renasce através de si mesma (o renascimento através do ventre da Deusa contado pelo mito), portanto, nos ensina sobre os ciclos e a necessidade do equilíbrio com o meio ambiente. Foi uma das principais divindades invocadas no culto aos mortos antigos e ainda é até hoje. Divindade do plano astral, vida, riqueza e das religiões pagãs por natureza, Cernunnos é a grande máxima do Cornudo: é Pã, Dionísio, Herne, Cuchulainn, Hu Gadarn, Cern, Odin, Marduk, entre tantos outros.
 Por Cernunnos não ser propriamente uma deidade, mas um cargo e o pulsar da natureza, não há referências de incensos, velas ou qualquer coisa que tenha sido usado para cultuá-lo. Qualquer oferenda, sacrifício, geisi, tabu ou oração que se faça a Ele será aceita, pois Ele é a fusão de todos os Deuses do Mundo. Para se entender Cernunnos o adepto precisa se dedicar na Androtheosis (Mistérios Masculinos) e no contato com a Natureza até que adentre a si mesmo nos mistérios desse deus, pois Ele vai além daquilo que comumente entendemos como divindade.

Suas faces

Todos os Deuses de Chifres

Epítetos

 Carnonos (Com chifres)


Dallan Chantal