segunda-feira, 28 de setembro de 2015

A força do Deus Cornífero na Bruxaria


"Da mesma forma que toda luz nasce da escuridão, o Deus, símbolo solar da energia masculina, nasceu da Deusa, sendo seu complemento, trazendo em si os atributos da coragem, pensamento lógico, fertilidade, saúde e alegria. Da mesma forma que o sol nasce e se põe todos os dias, o Deus nos mostra os mistérios da morte e do renascimento."


O Deus Cornífero é o Deus fálico da fertilidade. Geralmente é representado como um homem de barba com cascos e chifres de bode ou cervo. Ele é o guardião das entradas e do Círculo Mágico que é traçado para o ritual começar. É o Deus Pagão dos bosques, o Rei do Carvalho e o Senhor das Matas. É o Deus que morre e sempre renasce. Seus ciclos de morte e vida representam nossa própria existência.

Ele nasce da Deusa, como seu complemento e carrega os atributos da fertilidade, alegria, coragem e otimismo. Ele é a força do Sol, que nasce e morre todo os dias, ensinando aos homens os segredos da morte e do renascimento.

Segundo os mitos pagãos, o Deus nasceu da Deusa, cresceu e se apaixonou por Ela. Ao fazerem amor, a Deusa engravida e quando chega o Inverno, o Deus Cornífero morre e renasce quando Ela dá à luz. Esse mito contém em si os próprios ciclos da natureza, pois no Verão o Deus é tido como forte e vigoroso; no Outono, ele envelhece; morre no Inverno e renasce novamente na Primavera.

O simbolismo do mito deve ser obervado, pois todas as coisas vieram da Grande Mãe, inclusive o próprio Deus e por isso para Ela Ele deve voltar.

O culto ao Deus Cornífero surgiu entre os povos que dependiam da caça, por isso Ele sempre foi considerado o Deus dos animais e da fertilidade e ornado com chifres, pois os chifres sempre representaram a fertilidade, a vitalidade e a ligação com as energias do Cosmos. Além disso, a Bruxaria surgiu entre os povos da Europa, onde os cervos se procriavam com extremada abundância, por isso eram frequentemente caçados, pois eram uma das principais fontes de alimentação.

Com o crescimento do Cristianismo e com a intenção do Clero em derrubar a Bruxaria, a figura atribuída ao Deus Cornífero acabou por personificar o Diabo e na atualidade ressignificar o status desse importante Deus torna-se difícil.

O Deus Cornífero representa a luz e a escuridão, a imortalidade e a morte, a interrupção e a continuidade. O Deus simboliza a força da vida e da morte, é o amante e filho da Deusa, o Senhor dos cães selvagens e dos animais. É Ele que nos desperta para a vida depois da morte. Representa o Sol, eternamente em busca da Lua e seus chifres simbolizam as meias-luas, a honraria e a vitalidade e não uma ligação com o Diabo.

O culto à Deusa Mãe e ao Deus Cornífero é pré-cristão, surgiu milhões de anos antes do catolicismo e do conceito de Demônio o qual jamais foi adorado, invocado, cultuado e reverenciado nas práticas pagãs ou como Deidade da Bruxaria.

A Arte Wiccaniana remonta aos homens das cavernas e para entendermos o porquê de uma Divindade com chifres ser reverenciada pelos Bruxos de antigamente e é reverenciada até hoje pelos Bruxos modernos, temos que pensar como nossos antepassados.

Os chifres sempre foram tidos como símbolo de hontra e respeito entre os povos do Neolítico. OS chifres exprimem a força e a agressividade do touro, do cervo, do búfalo e de todos animais portadores dos mesmos.

Entre os povos do período glacial, uma divindade era representada com chifres para demonstrar claramente o poder da divindade que possuíam.

Quando o homem saía em busca de caça, ao retornar à sua tribo, colocava os chifres do animal capturado sobre sua cabeça, com a finalidade de demonstrar a todos da comunidade que ele vencera os obstáculos. Graças a ele, todo o clã seria nutrido, ele era o "Rei". O capacete com chifres acabou por se tornar uma coroa real estilizada.

Muitos Deuses antigos como Baco, Pã, Fauno, Dionísio, Quíron, Cernunos, Odin, entre outros, foram representados com chifres. Os maiores guerreiros vikings eram aqueles que possuíam capacetes de chifres, pois representavam a sua força e bravura. Até mesmo Moisés foi homenageado com chifres pelos seus seguidores, em sinal de respeito aos seus feitos e favores divinos.

Os chifres sempre foram representações da luz, sabedoria e conhecimento entre os povos antigos. Portanto, como podemos perceber, os chifres, desde tempos imemoráveis, foram considerado símbolos de realeza, divindade, fartura e não símbolo do mal como muitos associaram e ainda associam.

O Deus Cornífero é, então, o mais alto símbolo de realeza, prosperidade, divindade, luz, sabedoria e fartura. É o poder que fertiliza todas  as coisas existentes na Terra, já que Ele é o próprio Sol.

Baseado no livro de Claudiney Prieto, Wicca, Ritos e Mistérios da Bruxaria Moderna

Marisa Petcov