quarta-feira, 30 de setembro de 2015

A Liberdade de ser Bruxa


A que é a Bruxa – um Conceito e uma Bruxaria

Não queremos reviver a bruxaria, uma vez que ela nunca morreu pra nós, mas sim continuou seu legado através de nossa linhagem sanguínea e espiritual.
 Não temos porque erguer a bandeira do paganismo, uma vez que vivemos na era cristã e não defendemos uma era, mas sim fazemos um egresso, seja na era que for.

A bruxaria não é pagã ou cristã, ela simplesmente é!

Ela não se veste de bandeiras nem religiões, quem a veste dessa forma são as pessoas que querem ser bruxas sem o ser de fato.
Reavivar um caminho espiritual mágico fundamentando-o numa defesa onde os argumentos são mais parecidos como se fossem um povo que nunca morreu, é balela, pois a bruxaria passou por modificações, transformações em sua longa vida, e todo mundo morre um dia, deixando descendentes que transmitiram a semente às novas gerações, assim como tudo na natureza é mutável, assim como são em todos os anos, as estações, e as estações reencarnam como nós também reencarnamos e nos dirigimos aos nossos iguais.

As estações não são pagãs nem cristãs, nem mulçumanas, nem judaicas, elas são fluxos da natureza, assim como nós, e estamos todos interligados, e tradicionalmente não precisamos ditar regras de controle, apenas podemos deixar a Arte Bruxa fluir como nossos antepassados fizeram. Controle é o seguinte: “tudo que prende, não pode libertar”. Quem vive na barra da saia de uma instituição é porque não cresceu o suficiente para andar sozinho e fazer suas escolhas próprias.

A Arte Bruxa vive em nós e em tudo, não precisamos gesticular igual, vestir roupa igual e pensar igualmente, cada ser humano é um ser ímpar, com pensamentos próprios, gestos próprios e gostos próprios, e isso deve ser preservado em sua individualidade.
Nós não somos um povo que viveu numa única ilha do mundo, nós estamos em todos os lugares, e em nós, flui a tradição. Se você tem poder em sua voz bruxa, certamente conseguirá conjurar um espírito, um santo, um deus, uma deusa, um diabo, um encanto, etc, mas se não tiver, ficará anos e anos chamando e nunca terá uma resposta.

É comum para a verdadeira bruxa, utilizar elementos de todas as religiões, espiritualidades, folclores do mundo inteiro que se alinham consigo, e filosofias que bem entender, pois a bruxa lida com tudo que bem entender, ela não é um movimento pagão, nem mesmo é pagã de fato, pois quem já foi verdadeiramente uma bruxa pagã já está morta há muito tempo e se encontra no rol de nossos ancestrais, e de certo que ela teve um filho ou filha como herdeiros, e até mesmo seus agregados que transcenderam a carne. O legado deixado por ela, é a semente que se encontra hoje em nós, que vivemos na era cristã numa boa e sem conflito com isso, afinal, somos hereges e abarcamos o todo, não nos limitamos à uma única religião, culto, filosofia, entidade, deidade, demônio, instituição, cultura, povo, etc, enfim, não nos limitamos, somos indomados.

A visão de mundo dos antigos ocultistas (aqui entre nós, eles foram os fodões de sua época enquanto bruxos e magos), que ensinavam aquilo que é perene, é TRADICIONAL para nós, por isso, UNO. Por isso somos bruxos tradicionais. Podemos chegar para um Asatrú, um Wiccano, um Neo-Druída, um Thelemita, e dizer: sou bruxo tradicional, ou seja, sou bruxo a moda antiga, a filosofia que mais me agrada é a perene, sou herege, não fui feito de religião pois nunca precisei me religar a fonte da qual eu nunca estive desconectado, não fui feito pelas mãos de Gardner, nem por Tribann, nem por Crowley ou La Vey, o que carrego comigo, vem de família, e se cheguei de algum modo passar por essas artes modernas, eu já era bruxo quando cheguei nelas pra conhecê-las. Então:
Se você recebeu uma cultura de um país, então você recebeu somente uma cultura de um país, isso não faz de você uma bruxa.

Se você nasceu bruxa e reencontrou sua família, bom pra você, é o que queremos pra nossa gente, mas ninguém lhe obriga a se filiar em alguma instituição filantrópica de magia, da qual o pseudo-imperador vive de marketing no orkut, no youtube, no facebook, etc, sempre de alguma forma se auto promovendo e ditando a moda dele usando o nome da bruxaria tradicional, só para lhe dar o diploma de bruxa, afinal, ou você nasceu bruxa ou não nasceu, e se nasceu, é bem comum e esperado que você se junte com seus iguais, isso marca seu caráter ou a falta dele.

Nossa marca é visível aos olhos de nossos iguais. Quem não enxerga ela, não pode provar que ela não existe, e podemos facilmente desmascarar alguém que se passe por um de nós, principalmente por aquilo que ele escreve e pensa.
Nascer bruxa é reconhecer-se bruxa desde cedo e deixar seu dom fluir como as águas, independente do berço, da bandeira religiosa, e do sexo.

Uma vez aberta as comportas de uma represa, não tem como voltar a água para traz!
Assim é o dom da bruxa. Cada um de nós carregamos a tradição perene (eterna, que não morre), a filosofia perene (eterna, que não morre), e cada tradição bruxa existente, é perene (eterna, que não morre), por isso não precisa ser reinventada, mas sim, regressamos nela quando reencarnamos e nos juntamos com nossa família bruxa, não precisamos e não queremos aprender a ser bruxos da forma que foram nossos antepassados, nós somos bruxos atuais, que vivemos nessa época da vida, e somos assim, carregamos a tradição e sabemos o que sabemos, os costumes são mantidos, cada um com seu perfil, e cada geração bruxa que nasce, vem mais forte, portanto, somos mais fortes que nossos antepassados, somos eles reencarnados, nós evoluímos com progresso, e não temos conflitos em sermos bruxos numa era cristã, vide o tradicional sincretismo de imagens cuja sobrevivência superou e transgrediu séculos de ‘ditadura’ religiosa, e hoje você não encontra um bruxo se quer, que não tenha virado Santo Antônio de cabeça pra baixo, dentro d’água na pia da cozinha, ameaçando-o deixá-lo ali até que ele faça o que se pediu. Da mesma forma, as Stregas sempre colocaram Diana no forno ameaçando assá-la se ela não realizar um pedido. Não somos controlados, a não ser por nós mesmos, com ou sem nossa transformação interna.

Diga NÃO as filiações institucionais e controladoras, e DIGA SIM à sua liberdade Bruxa!

Caso contrário, daqui um tempo, nós os bruxos livres, vamos ter de pedir ‘bênçãos’ para essa tal instituição legalizada para que possamos nos manifestar no mundo como somos, ou seja, como bruxos que somos. E isso não é certo.

Nós não temos controle e não podemos ser controlados, e é por isso que somos temidos por gente com complexo da baratinha de Lispector, e isso não nos intimida, nem nos faz melhor nem pior. Somos o que somos, e existimos desde sempre.

Chega de preconceitos e de gente querendo controlar a gente através de instituições!

Bruxos livres, defendam seu direito de livre manifesto no mundo, e enfeiticem o controle alheio com paz generosa, para que eles também aprendam conosco, como é ser livre de fato.

Sett Ben Qayin